A Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Elvas (antiga Sé) é um dos monumentos mais emblemáticos desta cidade alentejana, com um passado histórico bastante diversificado.
O edifício da antiga Sé de Elvas foi classificado de Monumento Nacional por decreto de 16 de Junho de 1910.
Embora não existam referências documentais que o comprovem, pensa-se que a Igreja de Nossa Senhora de Assunção tenha sido erigida em 1517. As Memórias Paroquiais dão conta que em 1515 o rei D. Manuel, verificando o estado de ruína em que o templo se encontrava, terá ordenado a sua reconstrução. A nova igreja viria a abrir ao culto em 1537, ainda com obras em curso. Por esta data a capela-mor estaria já concluída, permitindo assim que se realizassem os ofícios litúrgicos.
Através da consulta das visitações realizadas a esta igreja, Artur Goulart refere que em 1541 o visitador ordenara que se procedesse ao lajeamento do edifício, uma vez que o pó e a lama afastavam os fregueses. Esta obra prolongou-se até 1548, quando também se concluiu a sacristia.
Elvas foi elevada a cidade no ano de 1513, tendo o Bispado sido criado em 1570, quando a Igreja de Nossa Senhora da Assunção foi convertida em Sé (tendo assim permanecido até 1881, quando esta diocese foi extinta) o que, de acordo com a opinião de alguns historiadores, se terá também ficado a dever às características arquitectónicas do próprio edifício.
Parece, no entanto, bastante seguro que no mesmo local tenha existido outro templo mais antigo com a evocação de Nossa Senhora do Açougue e, posteriormente, de Nossa Senhora da Praça.
O edifício da Sé ergue-se no topo de uma ampla praça destacando-se do tecido urbano, onde a partir de 1538 também se começou a construir o edifício da Câmara Municipal.
Esta igreja sofreu modificações e ampliações diversas após a conversão em Sé, sendo de assinalar a substituição da capela-mor por outra de maiores dimensões. José Custódio Vieira da Silva refere que esta obra, bem como a reforma do coro e a construção da sacristia e da casa do Cabido, se ficou a dever à acção do bispo D. António Matos de Noronha, já em finais do século XVI.
A fachada da Igreja de Nossa Senhora da Assunção define-se sobretudo pela sua torre sineira axial, emprestando ao monumento um certo ar de fortaleza. Ao nível do primeiro registo encontra-se um amplo nártex. Na pedra de fecho do amplo arco de volta perfeita que antecede este recinto encontra-se uma inscrição em caracteres góticos.
Segue-se um segundo patamar composto por uma varanda e por dois janelões, obra datada de 1637 e que serviria para os cónegos assistirem a cerimónias litúrgicas que se desenrolariam na praça. Os janelões com frontões interrompidos ladeiam uma rosácea, apresentando a toda a volta uma decoração composta por grandes florões em pedra, hoje bastante degradados.
No último nível registam-se os sinos, num total de sete, acomodados entre arcos de volta perfeita. Artur Goulart refere que em alguns ainda é possível ver-se a respectiva datação: o mais antigo data de 1548, outro da data de inauguração da capela-mor (1749) e outros dois são datados de 1769.
Sobre os sinos encontra-se a cúpula piramidal que, de acordo com a opinião de Luís Keil, será já posterior ao século XVI, bem como os coruchéus. Ladeando a torre encontra-se, à esquerda, o baptistério e, do lado direito, a capela de Santo Amaro, de planta poligonal e coruchéus onde ainda podemos apreciar vestígios de uma decoração em esgrafitos de inspiração renascentista.
Ao nível exterior todo o templo apresenta superiormente uma decoração de ameias chanfradas, reforçando, assim, o carácter de fortificação que o edifício apresenta.
O monumento sofreu transformações diversas ao longo do tempo, nomeadamente no século XVII, durante os episcopados de D. António (1630), D. Sebastião de Noronha (1630) e D. Manuel da Cunha (1657). Já no século XVIII destacam-se intervenções várias realizadas entre 1729-1783, com destaque para as realizadas pelo cabido “sede vacante” e pelos bispos D. Baltazar Vilas-Boas e D. Lourenço de Lencastre.
O ano de 1609 viu iniciarem-se os alicerces de uma nova sacristia e da sala do cabido, enquanto ao mesmo tempo se realizavam obras na capela do Santíssimo Sacramento. As obras prosseguiram após a morte do bispo, no ano seguinte, e durante o episcopado dos dois bispos que lhe sucederam: D. Rui Pires da Veiga e D. Frei Lourenço de Távora.
Porém, seria já com D. Sebastião de Matos de Noronha que as campanhas de decoração da Sé ganhariam novo fôlego, destacando-se no plano eclesisático por medidas importantes, como a convocação do sínodo de 1633 e a publicação das Constituições diocesanas. Datam do seu governo os azulejos que revestem os silhares da igreja e sacristia (1627) e o programa de brutescos que decora as abóbadas da nave central e das laterais.
No que diz respeito à Igreja de Nossa Senhora da Assunção o seu interior tipicamente medieval, com o escalonamento das três naves, foi sendo alterado por sucessivas campanhas decorativas. Uma das que causou maior impacto terá sido o revestimento das abóbadas com pintura de brutesco, já no século XVII, apresentando tons monocromáticos (dourados) contra um fundo branco, com grande impacto visual. Hoje os brutescos estão totalmente picados devido à aplicação posterior de outro reboco.
Predomina a temática vegetalista, embora se encontrem pequenos anjos, máscaras, ramos terminando em mascarões, querubins, ferroneries, figuras humanas e figuras femininas híbridas, meio humanas e meio vegetalistas.
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